quarta-feira, 29 de julho de 2009

MÃE

Infinito diz o mar
azul me chama
azul me ouve azul me vê
o indizível quando luz nos diz assim
azul
quando se ama

Infinito diz o mar
azul me chama
azul me ouve azul me vê
o indizível quando luz nos diz por quê
azul
quando se ama

Infinito diz o mar
azul me chama
azul me ouve azul me vê
o indizível quando luz nos diz enfim
azul
quando se ama

uma canção para o Infinito céu na água
uma canção para o Infinito azul
uma canção para o Infinito céu na onda
uma canção para o Infinito azul

(M.M.)

(canção de Mário Montaut, janeiro de 2002, composta nas praias de Trindade e Paraty, e gravada em julho de 2009 no estúdio Azulão, de Roberto Gava, Jabaquara, SP)

EM VULCÂNIA

A guitarra de Hendrix projetava retas, faíscas, curvas, geometria de cores ao mais puro Kandinsky pelo céu noturno de Vulcânia, a ilha onde Júlio Verne, Nemo e seus cúmplices prisioneiros construíram o Náutilus, submarino que ainda sonha 20.000 léguas celestiais no negro Jimi.

(M. M.)

TINHA AQUELE ARCO-ÍRIS MUITO MAIS QUE SETE CORES

Nas paredes quadros e quadros desconhecidos, mas com pitadinhas, cada um, de lembranças invisíveis de Van Gogh, Max Ernst e Artaud, Ezra Pound e Miró. Agraciado pelos reconhecimentos eu caminhava no labirinto original. Nas veias a poética de Baudelaire e essências do gênio filósofo de Carlos Castañeda, esse vasto pensador que bebeu tantas fontes do saber, devolvendo-as poderosíssimas, potencializadas pelo mistério da revelação, sem citações ou referências, naquelas páginas áridas e desérticas tal Sonora de Don Juan. Súbita e emoldurada a inscrição: “Com muita loucura e muito ácido Baudelaire explodiu o tonal das sete cores, fragmentando-as em milhões de inconcebíveis belezas”.

(M.M.)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

PRESTES LÔUVORE AFLUÊNCIA

Prestes Lôuvore Afluência;
de baba e medalha;
cantochão do rio em cócega: seu retrato flutuou numa concha de puro espelho- que não era vidro; nem eram águas de seus vinte anos; nem éguas quando empinam. O Espelho eram comichões. Convulsivos reflexos da torneira aberta;
de navalha e méritos;
influência dos pêlos grudados na pedra, a lâmina gasta no gume da rocha cortando o que rio janela e um cravo bem temperado nestes recuerdos de espuma. Diplomas. Amores Afinados. Escola de Latim em discórdia de sangue a pingar.

(Mário Montaut)

AVE MUNDO

Dê-me de comer um osso do mundo. Isso após ele ter apodrecido de mortão numa guerra; entidade abstrata bombástica que tem goela quando batalha- outro osso, e osso, osso. Faço: e refaço arquitetonicamente, angelicalmente, bruxamente. Arqueológica e veterinarianamente o espeleto (quase- sic!), pois que esqueleto era o da ave mundo, antes do desejado osso do pré-espeto; ave mundo estrebuchara antes de virar planeta; esquecido; bem depois o vento levou o pó de tudo isso ao Deus; e era tudo mais que ouro; bem mais que sexto elemento. Isso meu amor e eu sabemos.

(Mário Montaut)