quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Emissores de Tiphareth

Tiphareth é conhecido também como o ponto crístico da Cabala. Sephirah do equilíbrio, da beleza, da justiça, da harmonia. Está no centro da Árvore da Vida. Alguns humanos que sintonizam essa esfera: Bach, Pixinguinha, Chico Buarque, Debussy, Lennon, McCartney, Trotsky, Breton, Lula, Ben Jor, Mino Carta, Mano Brown.

(Mário Montaut)

cristobach

...são muitos, disseram, nas pulsações da periferia e na selvagem praíssima oculta no roteiro dos racionais mc´s, no paraíso lugar comum sejam quaresmas ou carnavais, no rio maravilhoso e suas gestapos de contrapostal, no éden cabalista de kether entrelençóis, bem mais que lucas mateus tiago, nietzsche, ou médici nosferatu, no que cristo inaugura, e não só bush stalim hitler, dante, ou de assis francisco e clara, no que cristo renova, não convém delimitar a fúria, o êxtase e o sigilo da trama, muitos deram fé, sangue, palavras, e as boas novas estão nas ruas de brandenburgo em concertos de cristobach.

(Mário Montaut)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

“Bela idéia”: a Consolação da Filosofia

Antes da idéia a Bela, que avança, insinua, equaciona, que nos olha de gelo, que nos olha de serpentina, equânime, radical, que suporta o olho de Deus e as mãos brutais dos homens. Em meio a isso tudo Ela, que atiça, acalma, convulsiona, que nos olha de musa, que nos olha de louca, douta, voluptuosa, que extrai o riso nas mais circunspectas vertigens e nos mais graves recolhimentos. No tudo ou nada a Bela, que estaciona, assedia, fanfarrona, que nos olha de Vênus, que nos olha de Ísis, desnuda, comportada, em suas nuvens alegóricas pela via de outras naves, e que nos fala romântica, solene ou na ácida língua de seu desencanto: como não nos consolaria a que jamais nos livra de sua infalível beleza?

(Mário Montaut)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Influência Beatle

Não basta dizer o quanto Apolo e Dionísio subitamente reencarnados em Lennon e McCartney chacoalharam os jovens coretos de idéias extemporâneas.
Que Help, The Fool on the Hill, Across the Universe, The Long and Winding Road, Let it Be, Penny Lane, Eleanor Rigby, Strawberry Fields Forever, Yesterday, Because, Here Comes The Sun dão sangue arcano puro céu.
Que a bossa de Beto, Milton e Lô reencontra Bach e Debussy numa insuspeita praia de Jobim.
Que o lampejo “Canalha” de Walter Franco arrebata platéias de festival num decalque de Lennon porque este é intransponível de outro modo; e que os fascínios musicais de Paul, da ordem do sol sobre cantos de domínio público, prosseguem no influxo tão propício como impalpável.
É pouco saber da mais lúcida vestal, da locomotiva arrancando faíscas do trilho eufórico, da falência da sisudez, do realejo a cumprir esquinas do riso e esquecimento, da delicadeza do embalsamado maestro, do cabaré em sua voltagem de fada, do renascimento das cornetas de feira, do relógio de bolso concordando com a rede de balanço e com os arrazoamentos marinheiros, dos quatro cavaleiros de pureza vária a romperem selos, espelhos e diques num fractal de oceano inédito.

(Mário Montaut)

Experiências Significantes

“Comunicar-se com Marte, conversar com espíritos,
Historiar a conduta do monstro marinho,
Traçar o horóscopo, aruspicar ou bisbilhotar o astral,
Observar anomalias grafológicas, evocar
Biografias pelas linhas da mão
Ou tragédias pelos dedos, lançar presságios
Através de sortilégios, ou folhas de chá, adivinhar o inevitável
Com cartas de baralho, embaralhar pentagramas
Ou ácidos barbitúricos, ou dissecar
A trôpega imagem dos terrores pré-conscientes
- Sondar o fundo, a tumba, ou os sonhos: tais coisas são apenas
Passatempos e drogas usuais, ou manchetes de imprensa:
E sempre os serão, sobretudo alguns deles,
Quando há nações em perigo e perplexidade
Seja nas costas da Ásia, seja na Edgware Road.”

Mas me parece, Eliot, que a palavra é mais que infinito sentido na Misteriosa Ordem da Beleza.
Em “A Voz do Silêncio” Blavatsty também nos adverte com escritos védicos: “Se queres atravessar seguro a primeira Sala, não tomes os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do Sol da vida...Se queres atravessar seguro a segunda Sala, não te detenhas a aspirar o aroma de suas narcóticas flores...Os sábios não se detêm nas regiões deleitosas dos sentidos...Os sábios não dão ouvidos às melífluas vozes da ilusão.”
E exatamente nesses versos as palavras se nos abrem a experiências que transcendem toda a sabedoria das advertências.

(Mário Montaut)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Jardim do idílio fértil

Entre a cabeça e a coroa: um rei de cera pilota com Ícaro Exultante a mais audaciosa das naves;; a ser criada pelo esquecimento do sol no pão de lábios que confabulam.
O ímpeto no olho d´água sob a pedra esculturada inspira a nuvem de cinzel na musa de ontem e a jovem que enche o cântaro no blog da fonte.
Da semente ao êxtase das aves: junto à pétala d´árvore podada e o fio da espada inocente na mão da armadura temerária, o canto que margeia a procissão malvada e um rio de gente feliz.
No exílio de Pedro o sino em noite do galo e credo, amor, eu não desdenho nada: a rosa e a antena, a cruz e o arco-da-velha, o beijo e o trovão:: pela união de céu e terra ao jardim do idílio fértil.

(Mário Montaut)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Invenção Amorosa

Dedico à lua este meu acorde. E trino, mutante, baixinho, as notas que vão compor a próxima linha. O despertar da noite pouco entende deste triunfo singular. As sombras nos prédios, os devaneios de casais alheios em excessivas palavras, o sono dos temporais, a mídia e suas guerras pouco sabem agora desta vitória quase silenciosa; e só o violão conhece as melodias a mim e ao mundo afeiçoadas, nem bem descobertas e já rigorosamente exploradas pelas cordas que se prolongam e vibram na minha alma, na solitude extraordinariamente preciosa da metrópole que brilha todas as suas luzes noturnas, e ainda aguarda esta dádiva irmã do gato e sua estrela de mil olhos chispando sub-lunares, tão próximos à diminuta invenção amorosa.

Mário Montaut)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

“All you need is love”: Em pleno desbunde do anjo terrível.

“All you need is love”:
Em pleno desbunde do anjo terrível.

Com suas dimensões política, atemporal, estética, all you need is love revisita as fontes, as bacias romanas, as esculturas, e colhe “num belo olhar antigo a chama incosquistada”; não é meu caro Ezra? Labareda d´olho que rompe alguma nuvem e nos aquece em coral.
All you need is Love.
Os chafarizes corroboram toda a estatuária longeva de curioso repertório gestual, bem como as ruas e o castelo de Rilke cercado pela marcha estudantil de maio.
Love is all you need.
O veredito mais ditoso é o sol de sopros vitais numa propaganda.
Segredos de uma banda.
E o refrão de tamanha alegria é também puro deboche à contracultura já nas garras de metal.
Em pleno desbunde do anjo terrível.

(Mário Montaut)

Predileções dos guerreiros

Tom Jobim, que entre outros encantos era profundo conhecedor das águas de Castañeda (grande renegado pela elite pensamental macunaímica), sempre atento às predileções dos guerreiros de Gaia tinha por hábito confrontar obviedades sutis.
Exercendo a arte do sonho, ora a arte da espreita, ele recordava:
Para Oscar Wilde a crítica nunca é imparcial e quem pensa ver os dois lados da moeda nada vê. Coisas de um dândi xamã.
Stravinsky deplorava a melodia infinita de Richard Wagner, com a qual a música teria perdido o seu “sorriso melódico”. A melodia sem fim, que ao se prolongar indefinidamente não teria também razões para começar.
Alberto Marsicano sintonizava uma estação de rádio cósmica em eterna transmissão, ou às vezes pegava no ar o trem do raga em movimento, e quando saltava os sons prosseguiam viagem, talvez mais contentes pelo êxtase de sua cítara.
E relembrando Borges discorria sobre o Nilo e o Reno, num original desdobramento de imaculadas concepções na corrente; Tom no fluxo de outras águas.

(Mário Montaut)