sábado, 19 de março de 2011

À Memória Da Síndrome Do Pânico

“A única paixão de minha vida foi o medo”. Com esta frase de Hobbes, Roland Barthes nos abre “O Prazer Do Texto”.
A presença do medo n´“A Persistência Da Memória” fez os relógios de Salvador Dalí brocharem.
Em ereção e gozo os Beatles cantaram o medo numa montanha russa: “Helter Skelter”.
E com o mesmo nome da tela de Dalí batizei a versão que fiz para essa música de Lennon e McCartney.
Nunca é demais lembrar quem tão bem esquece a memória da síndrome do pânico.

(Mário Montaut)

domingo, 13 de março de 2011

Edu, Chico e Cabral

Edu Lobo, compositor genial e discípulo de João Cabral de Melo Neto, assim como Chico Buarque, jamais entendeu Uma Faca Só Lâmina, eterna homenagem aos Stones.

(Mário Montaut)

Keith Richards e os lobos

Lobinho continua a uivar. Mas a questão é que rock não é só atitude e uivo. É estrutura também. E longe dos crassos estruturalistas da ingênua crítica sigo com as visceralidades perfeitas de Keith Richards, esse faca só lâmina que faz picadinhos de Edu.

(Mário Montaut)

Ciro,Aura...

...amo muito vocês.

(Mário Montaut)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Mãos

O marquês de Sade voltou ao interior do vulcão em erupção
De onde veio
As belas mãos ainda rendadas
Os olhos de menina
E essa razão à flor de salve-se quem puder
Tão dele
Mas do salão fosforescente alumiado a vísceras
Jamais deixou de lançar as ordens misteriosas
Que abrem brechas na noite moral
Fendas por onde vejo
As grandes sombras estilhaçadas a velha crosta minada
Dissolver-se
Para que possa amar-te
Como o primeiro homem amou a primeira mulher
Em liberdade plena
A liberdade
Pela qual o próprio fogo se fez homem
E o marquês de Sade desafiou os séculos das suas
Grandes árvores abstratas
De acrobatas trágicos
Apanhados na teia do desejo

(André Breton)

Esta pequena delicadeza de Breton evidencia o seu amor pelas mãos de Sade, e me faz lembrar da paixão de Lennon pelas mãos de Jean Cocteau e Yoko se dizendo cansada de ver aquelas mãos aristocráticas em sua família oriental, e que ela preferia mesmo as mãos de John, “mãos operárias que sabiam me pegar tão bem”. Em Buenos Aires um poeta cego dizia ser mais um dos hábitos do tempo o fascínio pelas mãos.

(M.M.)

terça-feira, 8 de março de 2011

Clube da Esquina...

Falar sobre o Clube da Esquina? Verdade que Minas é um reino à parte, que certas graças da música popular brasileira trouxeram seus contrapesos inevitáveis, e que a América Latina andava louca por decretos. Clube da Esquina... Verdade que imagens do cinema e da literatura choviam naquelas canções, que os acordes simples do rock inglês e as melodias circulares celtas casaram perfeitamente nos ares medievais da tradição mineira, e que os cantos de Lumiar eram bênçãos onde ninguém mais suportava o samba contra a guitarra contra o barquinho. Clube da Esquina? Verdade que Milton Nascimento é indizível, que algumas músicas dos Beatles ainda são experiências religiosas possíveis, e que em Belo Horizonte um sabiá atravessa penny lane sem sustos. Agora, se tudo isso não for bem verdade, que estejam reforçados o mistério e o convite para ouvi-lo na voz de Ana Lee.


(Mário Montaut e Itamar Vidal)

domingo, 6 de março de 2011

Perfídia

Em pontos distintos do salão quase recente dava para se ver o venerando Borges, e bem atrás, numa distância calculada entre luzes e máscaras, André Breton. Dançavam Perfídia com claríssimas debutantes negras. “Mujer, si puedes tu con Dios hablar”. Disso foram testemunhas meu jovem pai e outras desfalecidas damas. Nem tão iluminadas. Perto delas ninguém morre. Helter Skelter! Depois te conto o resto...

(M.M.)

terça-feira, 1 de março de 2011

Íntimas Cidadanias

Cidade perdida
Jogue as cascas pra lá
Só eu e você
E o amor louco
Cidade proibida
Fácil vem, fácil vai
Só eu e você
E o amor louco

(Amor Louco- Fellini)

Com Fellini, Cadão Volpato, Adoniran Barbosa e Thomas Pappon continuo a exercer algumas íntimas cidadanias.

(M.M.)