quinta-feira, 25 de março de 2010

Para uma deusa descalça

Se você florisse como rosas no outono, verão, primavera, e calçasse sandálias mortais, o inverno tropical veria jardins de exorbitante flora, e em noite caliente sonharia pétalas nevadas ao luar.

(Mário Montaut)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Antimornos

Eu diria que a devassa do funk carioca é divertida. Concordando com a verdadezinha consuetudinária ele balançava a cabeça e desfazia um velho esgar. É o notório Senhor que outrora exclamava: “...os mornos, eu os vomitarei de minha boca”. Algumas de suas opiniões são tenras e pródigas em dessuetude. “O Satanique Samba Trio levo na goela ao menos até o dia do juízo(rs). São movidos pela paixão do ódio.” Contemplávamos um legítimo caldeirão de cultura musical contemporânea de todos os gêneros, na prazenteira dificuldade em extrair algo dali.

(Mário Montaut)

O mar lembra

Tremulam por tuas mãos as maravilhas de um amor azul pleno de medo; e teus dedos me incutiam um céu furioso, divino e quebradiço, precepitando a queda das estrelas negras sobre a tarde.

(Mário Montaut)

Cipreste risonho

Importa que o Cipreste seja risonho.
A dança, as velas, a galhardia dos convidados...
mas que o Cipreste seja risonho.

(Mário Montaut)

sábado, 6 de março de 2010

Toneladas

Eu nunca escrevi um poema. Apenas versos, às toneladas, para todas as minhas amadas.

(Mário Montaut)

sexta-feira, 5 de março de 2010

ad eternum

Jamais entendi a erudição. É sempre aquela página, aquela música, aquela tela que me leva à revisão de todo enigma em mim cabível, ad eternum.

(Mário Montaut)

Ouvidos

Ouvidos para ouvir o mundo. Onde quer que esteja. Ouvidos para ouvir o mundo das sonoridades infinitamente ricas no incessante canto desta rua da periferia com a qual um concerto de Bach concorda, na justa maneira e hora que me sugere “desligar o som” para ouvir, ouvir mais...

(Mário Montaut)