segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUASE AVE GIRASSOL FOGE DA TELA, em 5 de agosto de 1991

QUASE AVE GIRASSOL FOGE DA TELA, em 5 de agosto de 1991

Quase ave Girassol foge da tela, vai ao centro de São Paulo e come as mudas Afrodites no desluarar dos anjos que aguardentes destilaram na “Gargantinha do Sapo” esculpido no teto da Catedral da Sé, enquanto Van Gogh chora entre os mendigos da Liberdade do Japão, assustados com o girassol sobrevoando a janta, os telhados dos palacetes e o engradado de José e suas famílias nas COHABs adventistas...Quase ave Girassol foge da tela e Deus grita: “Peguem ela! Peguem ela!”....A florzona da tempérie cai em minha mesa e eu rezo pra que o medo não devore o supremo prazer do sol , que em giros na pupila me aterrisa em outros medos...gira o sol no bife e na mente que, incrédula, lamenta o pobre garfo a campinar e colher as sementes das paisagens ,que o caipira vê nos olhos da Floráguia, pousada na estátua da Liberdade, tonta e cambaleante ao ouvi-la cantar sobre sua cabeça prestes a explodir...e os americanos gritam : “quantos dólares pagaste, hein, Van Gogh? Quantos dólares essa flor deu de propina a Deus para que em teu girassôneo sonhasses que o girassol fugia de tua tela favorita pra pousar nessa relíquia, pedra de fogo já extinto e que agora reacende?” Quem num momento desses se lembraria que uma flor pintada na aquarela de um doido artista, aproveitando-se de um sono inoportuno, se metamorfosearia em floráguia ou águiaflor e alçaria o vôo rumo à estrela americana que brilhava escondida na cabeça da estátua da Liberdade, alimentando e aquecendo o exército de proletários que, até então comandados por Hitler, Collor e Ezra Pound, tem agora um novo comandante: Van Gogh, o rico?...Esse exército fazia cerco à cabeça da Liberdade estatuada que explodiu de alegria ao ouvir o escaldante canto da Floráguia...e Deus berra: “Peguem ela!”, mas Deus morre de amor e agora ele é o defunto lá na cova do ex-Van Gogh, que está mais rico que Onassis, mais pobre que Hitler, mais alegre que o vento ao tragar as pétalas da floráguia que derrama a inteligência que faltava à NASA para completar a trágica estratégia do desarmamento para o Juízo Final... “quantos dólares pagaste? Quanto Deus deu em propina para ver essa ruína na cidade de New York?” E Van Gogh gargalhava ao ver que a multidão se dispersava ao ser atingida por cacos e pétalas entrelaçadas numa cópula cantante de versos delatores que amaldiçoavam a CIA... “VIVA! A flor explodiu, eu renasci e pus o Senhor lá na tumba! Deus lá ora e está faminto de um girassol corajoso...a música que a flor cantava lá na tela era a história desse dia, “O Dia da Verdade Americana”, ó imbecil exército de proletários imperialistas...Vós sois pobres não de dólar, mas são pobres de poesia, de tesão das mil mulheres que ressoam nas meninges dessa estátua que já queda sem cabeça...e a estrela que o girassol não come se enleva e se revela para vós, nova-iorquinos, no límpido céu do santo Manhattan , onde dormem os cacos poetas da cabeça pétrea da ex-estátua e as pétalas e penas da Floráguia que em minha tela era um pobre flor amarela que nem asas tinha...O Manhattan bebe a sabedoria que principia não neste século cretino mas em Arles esquecida e agora a estrela beija a boca da Floráguia que, apaixonadamente , canta a música que soava nos girassôneos de meus neurônios quando ainda idiotas e ignorantes de vossa hipocrisia, ó Beldades americanas de merda, que assustaram até os pés de um estátua sem cabeça que explodiu de alegria ao ouvir a melodia que meu girassol cantava quando, águia e flor, lembrava do meu riso infantil que, lá em meu leito de Arles, eu ouvi em sonho ateu...riso infantil que pôs Deus em coma e deu forças ao Girassol que fugia, pois sabia que deliciaria os pavores da carnificina americana com sua música que não cabia em minha tela adorada que a partir de agora não existe... já não há girassol, nem Deus, nem estátua da Liberdade...e os pedaços de pedra e pétalas se entrelaçaram e orgasmaram o hino delator que fez os comandantes da NASA perderem a razão e a CIA ficar cega de ilusão... Todos pensavam que meu girassol era uma águia...mas uma águia dessa cor..com tantos pólens?”... “OVNI! OVNI no céu de Nova York”, grita a NASA para os russos, que junto a eles prepararam toda a artilharia universal, mas os mísseis se recusavam a atacar o OVNI que os derretia ao descobrir suas primeiras intenções...
“PAI DAS NOSSAS AVES E MARIAS SALVEM AS RAINHAS DE JESUS NO CREDO E O MEDO DOS PÃES VENENOSOS QUE O GIRASSOL MULTIPLICOU E OBRIGOU CRISTO A COMÊ-LOS JUNTO AOS LEPROSOS DE ATLÂNTIDA, AMÉM! AMÉM!AMÉM! CORAGEM, DESUMANOS IRMÃOS ANDRÓIDES CHEIOS DE GRAÇA EM VOSSO VENTRE ABORTA O FRUTO QUE QUERIA A ALELUIA DOS BICOS DAS PENAS DE MATEUS QUE LÁ ESCREVIA O MILAQRE ECLIPSADO QUE OUVIA ONDE SE ESCONDIAM OS URUBUS ENFEITIÇADOS DE MEDO HUMANO EM SUA MAIS PURA COR PAI DOS ANJOS DE CADA DIA LIVRAI-NOS DA MORTE NA HORA DA VIRGEM DIZER AMÉM AO QUE ESTÁ NOS CÉUS E PUTIFICA OS NOMES DOS HERÓIS QUE NO REINO DE MANHATTAN FAZEM A VONTADE DA MORTE DA OBRA PRIMA NA GRAÇA DA VERDADE QUE A CABEÇA DE UMA ESTÁTUA ESCONDEU DAS ESCRITURAS QUANDO O SENHOR ERA CONVOSCO E NÃO NA COVA DO EX-VAN GOGH AGORA RICO DE CORAGEM E POESIA DO ALÉM...AMÉM!AMÉM!AMÉM! “...Assim rezavam os fiéis na Catedral de Nova York, misturando frases de pútridas orações com versos da nova tragédia da qual se afugentaram no templo que evapora de calor no amor de uma flor que se fez águia para ressuscitar verdades abençoadas pelo olhar da estrela no céu da metrópole enfim liberta...e morta de gentios...e VIVA! E VIVA! O Sol que girará amanhã cedo quando das águas do Manhattan sairão os Novos Filhos de uma civilização florida em desordem musical...E Além...E Além...E Além...

Que cara tinhas, Floráguia? Como conseguiste fugir da tela e como ouvias a risonha melodia da estrela sobre a cabeça da estátua da Liberdade que lá do alto enviava o brilho que alimentava e aquecia o exército dos proletários do espírito? E em que pensavas lá na tela, Floráguia? E como teus girassôneos se infiltravam pelos bilhões de neurônios loucos, que na cabeça do dormente Van Gogh sorridente brilhavam mais que todas as constelações do Além? Que culto ultra-católico professavam os fiéis do medo quando de ti se escondiam na Catedral e rezavam aquela louca oração? E porque os mísseis bacteriológicos atômicos neutrônicos adivinhavam que irias derretê-los ao captar suas primeiras vibrações homicidas? Como? Como? Que Papa rezou a missa? Quem era o chefe da máfia e da súcia das NASAs, das Rússias e seus KGBs naquela época? E que estrela era essa, que pousada na cabeça da estátua beijou a Floráguia e se retirou ao céu para ouvir o canto que detonaria a Floráguia e a cabeça da estátua que uniriam seus fragmentos em núpcias que contariam esses segredos? Serão esses os segredos ouvidos pela multidão que, bêbada de lucidez, se precipitou no Manhattan? E que fim levou a civilização dos robóticos japoneses? E quem é o Rei Van Gogh que impera a civilização do Não Medo? E quem é esse Deus que apodrece no sepulcro do ex-Van Gogh e já é devorado pelos corvos que escaparam de uma outra tela do ex-Van Gogh, que agora ri, pois os vê mudando de cor após o lauto manjar e ordena que jamais venham a este novo reino, pois mesmo não sendo mais corvos carregam no estômago a carne podre de um Deus assassino? E quem são e de que forma nascerão os futuros Van Goghinhos que amanhã quando a estrela que Van Gogh não pintou em sua noite estrelada ainda brilhar no céu feliz por ver o sol que aquecerá os corpinhos dos redentores de uma Civilização de Verdade Ouro? Confesso que durante o tumulto não escutei as verdades poéticas que foram lindamente cantadas...Assim, curioso e aflito espero que os novos gênios crianças saiam das águas do santo Manhattan, pois com certeza eles cantarão para mim o Hino da Civilização Desrobotizada...E além...E Além...E Além...

Os quais, os quems, os comos e todos as??? devem ser procuradas nas estrelinhas das entrelinhas do trem que Van Gogh pintou...Essa história se faz por si lúcida e louca e quando minha razão maculou a poesia com interrogações chifrudas, Van Gogh me mandou passear de trem...E Além...E Além... E Além...

(Mário Montaut)