domingo, 14 de junho de 2009

caetano, zii e zie, com muita bobagem e alguma razão:

Caetano, e você sai pelo Rio mas não larga mesmo a mão do italiano Fellini. Bingo. Remexe o lixão global e faz tudo soar meio escuro, doce, ensolarado, belo, azedo, feio: contemporâneo. Lobão, o Caetano canta que você tem razão. Sei não. Aquele seu disco de um rock in Rio trevoso em 2005, creio, ficou cheio é de pulsação, feeling e intenção. Cê já ouviu atentamente o zii e zie, Lenine? Ruindade musical hipercriativa. Ruim pra mim, que assaz renascentista não concebo em minha pessoa o matrimônio com a contemporaneidade estética duvidosa. Caetano explicou o título para um jornal televisivo, comentando a beleza de zii e zie escritos. Essas palavrinhas vêm a ser tio e tia? Federico Fellini rondando de novo. O Medaglia (Julio) retomou de empréstimo a questão concreta da língua e linguagem, e disse que na ditadura militar os milicos até relevavam o discurso panfletário do Vandré. A língua não os incomodava tanto. A linguagem, altamente desenvolvida em Caetano e Gil, sim. E o Tom Zé brincou com o tema: “A gente está aqui enforcando, torturando meio mundo e o Caetano vem falar em Carolina, margarina, gasolina(rs). Isso é linguagem. O que os militares não suportavam.” Até agora só ouvi um pedacinho de Labiata, e lhe digo: continua me soando folclore moderno, à flor da língua, com belíssimos conceitos e ornamentos, mas em zii e zie, a modernidade realizada está na essência da linguagem musical de Caetano, pessoa em diversos aspectos parecida com Buñuel, Stravinski e Dalí. E tão diferente, claro. Saudades de Fellini, a banda, meu querido Cadão Volpato e Thomas Pappon. Na década de 80 vocês ainda de mãos dadas com o Caetano já esbanjavam sonoridades de zii e zie. Lembro de Amor Louco, álbum homônimo ao livro de Breton, também influenciado pelo cineasta Fellini, e de vocês cantando a musa São Paulo dos Mutantes e do Adoniran (Cidade proibida/joga as cascas pra lá /só eu e você/e o Amor Louco...). Delícia!!! Caetano, você conhece o Amor Louco do Fellini?

(Mário Montaut)