domingo, 3 de maio de 2009

Memory almost full, de Paul McCartney. Hear Music. 2007.

Todos nós temos o direito, e a necessidade, de lutar com o passado e seus secularismos, que também resistem ao presente, numa essencial atemporalidade. Memória quase cheia, é assim que Paul McCartney se posiciona no conflito dos 65 anos de existência com a insustentável leveza do ser globalizado. A idéia que permeia o CD seria insuportável, se Paul (nas comemorações dos 40 anos de Sgt. Pepper’s), não a tivesse diluído na estética jovial do rock, onde dançam as memórias e emoções. Quanto à autenticidade das poucas baladas… Aqui o rock continua sendo a marca dos velhos de hoje e dos jovens de ontem, e vice-versas. O velho contemporâneo, bem jovem, relativiza a juventude de ontem, tão velha (e contrários cabíveis). Adotando estilo sábio, Paul enfrenta as querelas pessoais, universalizando, aprofundando o chaos and creation, e se mantendo na crista da onda, tchaptchura. O resto é música, sensibilidade e imaginação em alta voltagem; poucos se queixam disso no fluxo da dança. Ácida crítica nas equações da bruxaria. Rock Around The Clock!!! Quem jovens? Quem velhos? Férteis são todas as horas.

(Mário Montaut)