quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

“Bela idéia”: a Consolação da Filosofia

Antes da idéia a Bela, que avança, insinua, equaciona, que nos olha de gelo, que nos olha de serpentina, equânime, radical, que suporta o olho de Deus e as mãos brutais dos homens. Em meio a isso tudo Ela, que atiça, acalma, convulsiona, que nos olha de musa, que nos olha de louca, douta, voluptuosa, que extrai o riso nas mais circunspectas vertigens e nos mais graves recolhimentos. No tudo ou nada a Bela, que estaciona, assedia, fanfarrona, que nos olha de Vênus, que nos olha de Ísis, desnuda, comportada, em suas nuvens alegóricas pela via de outras naves, e que nos fala romântica, solene ou na ácida língua de seu desencanto: como não nos consolaria a que jamais nos livra de sua infalível beleza?

(Mário Montaut)