domingo, 7 de fevereiro de 2010

Invenção Amorosa

Dedico à lua este meu acorde. E trino, mutante, baixinho, as notas que vão compor a próxima linha. O despertar da noite pouco entende deste triunfo singular. As sombras nos prédios, os devaneios de casais alheios em excessivas palavras, o sono dos temporais, a mídia e suas guerras pouco sabem agora desta vitória quase silenciosa; e só o violão conhece as melodias a mim e ao mundo afeiçoadas, nem bem descobertas e já rigorosamente exploradas pelas cordas que se prolongam e vibram na minha alma, na solitude extraordinariamente preciosa da metrópole que brilha todas as suas luzes noturnas, e ainda aguarda esta dádiva irmã do gato e sua estrela de mil olhos chispando sub-lunares, tão próximos à diminuta invenção amorosa.

Mário Montaut)