sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Predileções dos guerreiros

Tom Jobim, que entre outros encantos era profundo conhecedor das águas de Castañeda (grande renegado pela elite pensamental macunaímica), sempre atento às predileções dos guerreiros de Gaia tinha por hábito confrontar obviedades sutis.
Exercendo a arte do sonho, ora a arte da espreita, ele recordava:
Para Oscar Wilde a crítica nunca é imparcial e quem pensa ver os dois lados da moeda nada vê. Coisas de um dândi xamã.
Stravinsky deplorava a melodia infinita de Richard Wagner, com a qual a música teria perdido o seu “sorriso melódico”. A melodia sem fim, que ao se prolongar indefinidamente não teria também razões para começar.
Alberto Marsicano sintonizava uma estação de rádio cósmica em eterna transmissão, ou às vezes pegava no ar o trem do raga em movimento, e quando saltava os sons prosseguiam viagem, talvez mais contentes pelo êxtase de sua cítara.
E relembrando Borges discorria sobre o Nilo e o Reno, num original desdobramento de imaculadas concepções na corrente; Tom no fluxo de outras águas.

(Mário Montaut)