domingo, 19 de abril de 2009

CLARÕES

Na galeria
Cada clarão
É como um dia
Depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

Uma passagem subterrânea une todos os perfumes
A mulher que lá entrou um dia
Tornou-se tão brilhante que não a vi
Com estes olhos que a mim mesmo viram arder
Tinha já a idade que hoje tenho
E vigiava-me vigiava o meu pensamento como um guarda-noturno numa fábrica sem fim

E como tudo já foi dito
Querido Augusto De Campos
Apenas o acompanho
Nesta aventura
Com Chico Buarque
E André Breton

Antes a vida
As vitrines
As atitudes espectrais
As catacumbas

(Mário Montaut)