sexta-feira, 24 de abril de 2009

DIABOLIR

O Diabo não é o pai do rock, e alegria dos homens em comunhão de Diabach, na Tocata em ré menor, só dá fuga para o abismo, onde ao vento Miss You e Gimme Shelter furacão, treme a 5ª Diabeethoven, não bem rock nem mal de sinfonia. Tudo um mesmo diabolir. E que se danem Otto Maria Carpeaux e Júlio Medaglia, esses bons homens de Deus. É natural, no jazzíssimo ancestral, no jazzíssimo ancestral, dar-te a flor do mal. Diabo odeia didjêis sem cabeça para diabolir algum jazz, punks são jóqueis frustrados, e papo de Mano Carioca e Funk Brown é baba morna que não ferve. Diabussy não leva jeito, mas Debussy ao piano, de tão quente soa gelado, como chope nos Alpes. Diabo adora cavalos brancos e napoleões a pé. O Diabo não é o pai do rock, e o Grande Poema Concreto do século XX é Ávida Dollars, o anagrama que Diabreton lançou num pentagrama, pautando aquelas letras em disposições musicais que Augusto, Haroldo de Campos e Décio Pignatari não querem acreditar; e Salvador Dalí morreu pensando nisso, é o que nos revela Léo Gilson Ribeiro, que esteve à cabeceira de sua morte. É natural, no jazzíssimo irreal, no jazzíssimo irreal, dar-te a flor do mal. Satãvivaldi, Diabeatles, Demozart, Diabuarque de Hollanda, Demostones. Diabo quer Ivone Lara. Democaymmi talvez; diabaeté conforme a lua e diabalorixá, se a bela Ivete Sangalo silente e de véu na boca. E Diabogil declarou na entrevista: “verto uma gota de catalisador para a instituição mpb”. Soy Loco Por Ti América e São Paulo 4 Atlético Paranaense 0 neste julho 14 de Lula e Gil na Bastilha em França, reivindicando a guilhotina que a Daslu merece. Diabo odeia o Brasil da CPI. Diabento nunca em Vaticano, já o canto gregoriano, por exemplo… Diabo adora o silêncio. Naquele tempo só era músico quem lia partitura, e de repente todas as turmas do Estácio, de Penny Lane e da Rua Paulo profanaram o Templo da Música Erudita e reviraram seus tesouros secularistas de todos os lados; Legião é o nome da turba, e eles sim, questionaram visceralmente a linguagem da música, não Webern, o suicida radical baleado por engano. O Diabo não é o pai do rock, e onde quer que vá você encontra uma rosa, dinheiro, lua, samba, júpiter e até mesmo um frevo mulher. Só não acha mesmo a realidade. É natural, no jazzíssimo infernal, no jazzíssimo infernal, dar-te a flor do mal.

(Mário Montaut)